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AS03LT47 – Macedo, José Agostinho de – O ORIENTE. Lisboa. Impressão Regia. II vols. 1814

AS03LT47 – Macedo, José Agostinho de – O ORIENTE. Lisboa. Impressão Regia. II vols. 1814

AS03LT47 – Macedo, José Agostinho de – O ORIENTE. Lisboa. Impressão Regia. II vols. 1814. 247 (1); 238 (2) pp. 11,8 cm x 19,3 cm. E.


Primeira e raríssima edição deste poema que ficou célebre porque o seu polémico autor, num extensíssimo «Discurso Preliminar», foi acusado de criticar a quasi-divindade de Luís de Camões e de pretender ter escrito uma epopeia superior a’Os Lusíadas.

Um monumento em si mesmo e um excelente exemplo dos grandes debates literários, estéticos e de pensamento que ocorreram na viragem do séc. XVIII para o XIX, e uma das poucas obras portuguesas merecedoras de relevo no início de oitocentos, um período negro em todos os aspectos para a cultura e a sociedade portuguesas. De certa forma mal compreendida na sua época –a que não foi certamente alheia a índole sempre combativa e controversa de Macedo –, O Oriente é uma epopeia sincera e genuína, que surge inserida numa corrente que recusa o destino e o fado, e tenta, pela poesia, pela literatura e até pela busca no seu património e arte (vide AP02LT02), elevar o ânimo e as forças de um país moribundo e sofredor, aproveitando o que era possível respigar das glórias do seu passado.

Muito criticado, apreciado e estudado ao longo dos últimos duzentos anos, este poema é, indubitavelmente, uma das obras mais marcantes do séc. XIX português.

No início de cada volume, possui duas gravuras de grande qualidade: uma do autor, que Innocencio reputa por muito próxima da realidade, e outra de Vasco da Gama, figura central do poema.


«Sahe-lhe a Morte da boca, abre-a, e levanta

Tal voz, que abala as infernaes cavernas;

De medo os monstros socios seus quebranta,

E augmenta o pezo ás penas sempiternas;

Todo o afumado carcere se espanta

Quando assim blasfemou: Ser, que governas

Os altos Ceos, que a Natureza reges,

Como he possivel que meu Reino invejes?»

(Canto III, 6.)


Bom estado geral de conservação. Encadernações da época, inteiras de pele, à inglesa, de feição neoclássica nos ornatos; com manuseio e perda de suporte, sobretudo no pé e à cabeça das lombadas. Gravura de Macedo solta no primeiro volume e separação parcial do primeiro caderno do mesmo. Assinaturas de posse na folha de rosto do vol. I e na abertura do vol. II. Gravura de Vasco da Gama do vol. II ligeiramente quebrada, mas isenta de falhas. Pequeno orifício na folha capitular do mesmo, sem afectar o texto, assim como mancha de tinta ferrogálica espalhada na margem exterior das guardas posteriores. Interior imaculado, em papel sonante de linho, com a grande qualidade reconhecida à Impressão Régia nesta fase áurea da história da impressão em Portugal.


Extremamente raro na primeira edição.


Base: 160 EUR

Estimativa: 160 – 260 EUR

* Acresce comissão da leiloeira de 18% sobre o valor de martelo e IVA (apenas sobre a comissão).

 

Bibliografia auxiliar:
Innocencio, T. IV, 2163, p. 185.
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