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AS14LT22 – [BRASIL; LISBOA; GAZETA] VOLUME COM VÁRIAS OBRAS DE JOSEPH FREYRE DE MONTERROYO MASCARENHAS

AS14LT22 – [BRASIL; LISBOA; GAZETA] VOLUME COM VÁRIAS OBRAS DE JOSEPH FREYRE DE MONTERROYO MASCARENHAS

AS14LT22 – [BRASIL; LISBOA; GAZETA] VOLUME COM VÁRIAS OBRAS DE JOSEPH FREYRE DE MONTERROYO MASCARENHAS.

 

Volume contendo obras de literatura panfletária (ou de cordel), algumas de extrema raridade, do célebre escritor setecentista Joseph Freyre de Monterroyo Mascarenhas (1670 – 1760), cuja activa vida, longa para padrões da época, deixou um trabalho importante para os alvores do jornalismo português na Gazeta de Lisboa, aqui completa no segundo ano da sua publicação (1716).

 

A saber:k

 

[Mascarenhas, Joseph Freyre de Monterroyo] – OS ORIZES CONQUISTADOS OU NOTICIA DA CONVERSAM DOS INDOMITOS ORIZES PROCAZES, &c. Lisboa. Officina de Antonio Pedrozo Galram. 1716. (4) 14 pp. 20,5 cm x 14,4 cm. E.

 

Descrição célebre do baptismo, em apenas três dias, de 3700 orizes procazes, habitantes dos sertões da Bahia, pelo Pe. Eusébio Dias Lassos de Lima. Sabe-se, hoje, que o relato é, muito provavelmente, uma fabricação de Lassos de Lima, com a ajuda da pena mestra de Mascarenhas (Sousa, 2020).

Deste panfleto houve duas outras edições datadas do mesmo ano, ambas saídas dos prelos da oficina de Pascoal da Sylva, mas sem as páginas de dedicatória. Este relato mereceu a atenção e inspirou um poema do grande escritor Machado de Assis, publicado na sua obra Americanas (1875). Eis o que escreveu Moraes (p. 535): “Vale Cabral (An da Bibil. Nac. Vol. 1, p. 350) was the first to note that another edition of the same year and place exists, but printed by Pascoal da Sylva. But he does not mention that there are two Pascoal da Sylva editions. (…) Neither edition includes the dedication [aqui prestente nesta edição de Galram]. The Orizes inspired a poem by Machado de Assis in the Americanas. He read the reprint in the Rev. do Inst. Hist., Vol. VIII. This pamphlet is very rare in any of the three early editions.

Autoria de Mascarenhas apenas presente na assinatura da dedicatória ao Príncipe do Brasil, futuro rei D. José I.

 

– O NOVO NABUCO, OU SONHO INTERPRETADO DO SULTÃO DOS TURCOS ACHMET III. EXPOSTO EM HUMA CARTA VINDA DE CONSTANTINOPLA, &c. Lisboa, Officina de Pascoal da Sylva, 1716 [1717]. 6 pp.

 

Obra anónima mandada imprimir por Mascarenhas. Relato intrigante que descreve um sonho do sultão, o qual, ao ser interpretado e acompanhado por sinais sobrenaturais, revela como o seu império irá cair e ser dominado pelos cristãos. O título estabelece uma comparação com o sonho da estátua de Nabucodonosor, interpretado por Daniel (Daniel, 2).

Este panfleto foi anunciado anonimamente para «Janeyro proximo», pelo próprio autor ou impressor, no n.º 52 da Gazeta de Lisboa (vide abaixo).

 

– RELAÇAM DIARIA DO SITIO DE CORFU COM A DESCRIPÇAM DESTA IMPORTANTE PRAÇA, & DA ILHA EM QUE ESTÁ SITUADA. OPERAÇOENS DOS SITIADOS, E DOS TURCOS, &c. Lisboa, Officina de Pascoal da Sylva, 1716. 23 (1) pp.

Obra anónima mandada imprimir por Mascarenhas. Relato sobre um ataque falhado dos turcos otomanos a Corfu e da rendição do castelo de Butrint (actual Albânia).

 

– GAZETA DE LISBOA. N.os 1 a 53 (de 4 de Janeyro a 31 de Dezembro). Lisboa, Officina de Pascoal da Sylva, 1716. 308 pp (num. seq.).

 

Segundo ano completo deste periódico de novas internacionais setecentista que dispensa apresentações, pelo seu papel na história do jornalismo em Portugal. Redigida durante largos anos por Monterroyo Mascarenhas, esta publicação obteria grande sucesso e funcionaria como um órgão informativo não oficial da corte de D. João V. Anos mais tarde, ficaria célebre a descrição pormenorizada nela impressa do Grande Terramoto de Lisboa de 1755.  A partir da morte de Monterroyo Mascarenhas, toma a sua direcção o poeta Pedro António Correia Garção.

Este volume em particular é raro por conter o segundo ano completo da sua publicação. Inclui notícias muito curiosas, como a preparação das naus portuguesas para o que viria a ser a Batalha de Matapão, que só ocorreria no ano seguinte, e em que a Marinha de Guerra enviada por D. João V saiu gloriosa pelos seus feitos. Inclui ainda outros detalhes de grande interesse, como notícias dos acontecimentos de outras capitais europeias e anúncios publicitários da época (ainda nessa fase linhas de texto incipientes e não imagens omnipresentes como hoje), em rodapé, na última página. Como curiosidade, o último número do ano indica já a sua impressão como sendo em Lisboa Occidental.

 

Razoável estado geral de conservação. Volume afectado pela humidade. Encadernação coeva, inteira de pele; extremamente danificada. Interior com ténue mancha de humidade nas margens interiores, transversal ao volume. Mancha escura de humidade no canto inferior direito da p. 201 da Gazeta até à pasta posterior. Corte limpo na folha de rosto do primeiro panfleto (Os Orizes, &c), que, curiosamente, removeu apenas a vinheta com a representação das armas portuguesas e, parcialmente, a assinatura de posse; corte afectando as primeiras folhas, sem prejuízo do texto. Único pico de traça, quase imperceptível, das guardas anteriores à p. 10 do primeiro panfleto (Os Orizes, &c). Ligeiro trabalho do bicho da p. 175 ao final do volume, trespassando a pasta posterior; este afectando a mancha, que, pela natureza reduzida do tipo utilizado, dificulta a leitura de algumas palavras, ainda que sem prejuízo do sentido do texto.

 

Peça de colecção.

 

Base: 500 EUR

Estimativa: 500 – 1.500 EUR

* Acresce comissão da leiloeira de 18% sobre o valor de martelo e IVA a 23% (apenas sobre a comissão).

 

Bibliografia auxiliar e referências:

Borba de Moraes, 2, pp. 534-535.

Innocencio, T. IV, p. 343-353; T. XVIII, p. 243.

https://www.redalyc.org/journal/2850/285068952005/html/

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