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AS06LT58 – [MANUSCRITO; D. JOÃO V] CÓPIA DE CARTA, POSSIVELMENTE APÓCRIFA, DE D. FILIPA DE NORONHA A D. JOÃO V. Séc. XVIII

AS06LT58 – [MANUSCRITO; D. JOÃO V] CÓPIA DE CARTA, POSSIVELMENTE APÓCRIFA, DE D. FILIPA DE NORONHA A D. JOÃO V. Séc. XVIII

AS06LT58 – [MANUSCRITO; D. JOÃO V] CÓPIA DE CARTA, POSSIVELMENTE APÓCRIFA, DE D. FILIPA DE NORONHA A D. JOÃO V. Séc. XVIII. Bifólio de 4 pp. 35,2 cm x 22 cm.

 

Cuidada cópia, sensivelmente de época, duma suposta missiva de conteúdo delicado endereçada por D. Filipa de Noronha, filha do segundo marquês de Cascais, ao rei D. João V. Tratando-se, como a apresenta outra das versões conhecidas, duma «carta bastantemente picante», o texto aqui reproduzido parece ter suscitado sobeja curiosidade e gozado de alguma difusão manuscrita nos círculos da corte, ainda que o seu teor seja muito possivelmente pseudo-epistolográfico. D. Filipa de Noronha foi, como é consabido, a principal paixão juvenil do príncipe D. João, constando que este lhe teria chegado a fazer votos de noivado (conforme no cabeçalho desta transcrição se alega). O grosso da exposição prende-se com a desilusão e ultraje sentidos pela donzela face às negociações diplomáticas que, em 1707, precederam o casamento do recém-aclamado monarca com D. Mariana de Áustria. Na voz da remetente são colocados protestos pela alegada deslealdade do amante, bem como expressivos lamentos pelo escândalo em que se sentia envolta e pelo seu injurioso desterro do Paço, onde antes fora dama principal; remata dando conta da sua vontade de recolher a um convento, devolvendo todas as «jóias […] e grandeza» recebidas, esquecida do rei e da sociedade — desfecho efectivamente consentâneo com o que se conhece da sua vida ulterior, tendo professado no convento de Santa Clara de Lisboa.

Testemunho sugestivo do imaginário cortesão da esfera joanina e da aura de galanteador que desde sempre envolveu este monarca, muito explorada por autores setecentistas e posteriores, são bem conhecidos os tratamentos dedicados a este trecho por Alberto Pimentel (1849) e Rebelo da Silva (1852-53) nas suas resenhas da vida sentimental d’o Magnânimo. O primeiro deu à estampa, no seu popular As Amantes de D. João V, a maior parte da versão subsistente na Biblioteca Pública de Évora, compaginando-a em notas com outra na Biblioteca da Ajuda — ambas as quais diferem da presente nalguns pequenos pontos de estilo e pormenor.

Espécime bem caligrafado, com 31 linhas à página e sem rasuras; o cabeçalho apresenta contudo a suposta autora, erradamente, como filha do «marques de Canaes». Bom estado de conservação geral. Ligeiro desgaste às margens exteriores, sem ofensa ao texto salvo leve toque no fl. 2r.

 

Peça de colecção.

 

Base: 120 EUR

Estimativa: 120 – 250 EUR

* Acresce comissão da leiloeira de 18% sobre o valor de martelo e IVA a 23% (apenas sobre a comissão).

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